O Livro

Um Grito no Vazio para o Nada é um romance com um protagonista seguindo uma série de situações interligadas por uma mesma premissa: os conflitos interiores de um indivído. Um homem a vagar pelos labirintos de sua mente, que às vezes cai, às vezes corre, às vezes olha com fascinação para algo que lhe chama atenção e lhe toma inteiramente, e que, por fim, sonha, se aventura por situações que a acabam por lhe revelar um pouco mais sobre sua existência.


No livro se encontram ao todo 16 capítulos: O Velho e a Pequena Garota, A Queda, Ela…, O Ser Não Existente e a Idéia de Existência, A Grande Muralha, A Corrida, Olhando para Cima, O Mais Horrível Monstro da Existência, Inclinação para uma Queda, Os Fantasmas, Seguindo a Rua, O Sério e o Palhaço, Detalhes para o Enterro de um Vivo, Enterro, Um Ensaio sobre a Água, e O Homem e a Pequena Garota.
Alguns são puros diálogos existenciais, outros se emaranham por situações surreais, e ainda mais outros se compõem em aventuras psicodélicas.



 
 
Seguem algumas citações:

“Penso, penso no sentido de tudo aquilo que não faz sentido e quanto tudo isso não faria nenhum sentido se tivesse algum sentido.” (O Velho e a Pequena Garota)

“Lugar algum é extremamente alegre até o momento que você descobre onde está, assim se torna extremamente tedioso. Você acaba tendo que rumar para lugar nenhum.” (O Velho e a Pequena Garota)

“Então, tudo estava transparente. O tempo foi o primeiro a ganhar minha atenção, com o espaço transparente, todas as páginas do passado, do presente e do futuro se sobrepujaram umas sobre as outras. O segundo se tornou minuto, que se tornou hora, que se tornou dia, que se tornou ano, que se tornou por fim século. Uma eterna lentidão.” (A Queda)

“Acidentes têm a capacidade de levar a todas as direções: ao alto da montanha, ou ao fundo do poço; ao deserto mais quente, ou a geleira mais fria; a floresta mais verde, ou a cidade mais cinza. Mas esse acidente veio acompanhado daquele que sempre dá fim, ou início, ou às vezes ambos, com um saindo do outro. O fatídico!” (O Ser Não Existente e a Idéia de Existência)

“Tens o desejo de atingir o belo imediatamente, tens o desejo de nunca mais ver o horror. Queres que haja uma diferente forma de se seguir, sem confrontar mais horrores. Mas não há! Não tens escolha! Sua única dúvida vem do querer de ter escolhas. Tens de desistir, pelo menos por enquanto não atingiras o belo neste momento.” (A Grande Muralha)

“Nada nunca gira em torno da inação, nem nunca vai girar. Do estático não nascem universos. A ação é sempre necessária para se alcançar aquilo que se quer. E se se quer sentir algo verdadeiro, algo belo, é necessário correr. Correr sem parar.” (A Corrida)

“A verdadeira questão é que o tempo não deve ser seguido, mas sim, moldado. Não se pode esperar um momento propício, deve-se criá-lo. E todo o esforço para sua criação, não deve vir de um preparo, mas sim de uma natureza assumida, de um estado de ser.” (Olhando para Cima)

“Não és uma árvore fincada ao chão que se recusa a crescer por desejar se movimentar, és, na verdade, uma tartaruga! Uma tartaruga com asas que tem medo de voar. Uma tartaruga que encontrou um buraco numa árvore e lá se escondeu. Numa árvore que, por um certo tempo, lhe ofereceu todas as ilusões necessárias para alimentar a negação do medo, mas uma na qual, por fim, não agüentas mais estar. Já que escondendo-se por tanto tempo, acabou no desespero do isolamento por ser tomado pela visão. A visão que lhe agarrou despercebido e lhe impulsionou para sair, mas que não ofereceu algo para combater esse medo.” (Inclinação para uma Queda)

“Então, por que há de me atormentar? Se não me ofereces palavras a me completar, se não me ofereces uma imensidão onde possa me perder, por que há de me atormentar com a visão de distante tamanha beleza? A tortura se faz assim mil vezes pior! Não há nada que mais evidencie o horror que a beleza não alcançada. E essa seriedade que a acompanha, só faz a me atacar, a perfurar meu peito com uma adaga, a cortar e cortar em mil direções.” (Os Fantasmas)

“Mas sabia que tinha encontrado o certo. Pois, como há muito tinha identificado, cada ser transmite vibrações, com cada movimento, com cada palavra e com cada olhar. Tudo em conjunto transmitindo o que a pessoa é, ou que se apresenta sendo, ou que deseja ser, ou que se recusa a ser. E essas são vibrações perigosas que no cotidiano devem ser bloqueadas a todo custo, já que qualquer uma pega a esmo de um mar infestado de monstros, pode derrubar a mais forte das criaturas. Porém, quando se vê um reluzente brilho, já que nenhum bloqueio pode realmente chegar a escondê-lo, há de se liberar para que todas as vibrações deste possam passar.” (Seguindo a Rua)

“Aquele que sabe é mais horrível que aquele que não sabe, pois aquele que sabe, é, enquanto aquele que não sabe, não é. O que não sabe, não é, logo não importam o quanto horríveis são seus atos, já que ele é só um personagem de ficção, que se passa por real só por fazer parte da maioria. Maioria que é, que se compõe de milhares sendo una e indiferenciada, que escreve as ficções que seus personagens não existentes, que nem são, irão interpretar. Já aquele que sabe, é, logo escreve a si mesmo e se encontra culpado de todas as suas ações.” (O Mais Horrível Monstro da Existência)